No contexto da agricultura brasileira, o controle de plantas daninhas desempenha um papel crucial. Essas plantas competem por recursos como luz, água e nutrientes com a espécie de interesse econômico, reduzindo o rendimento das culturas e impactando diretamente a rentabilidade dos agricultores.

Para enfrentar esse desafio, o uso de herbicidas tem se consolidado como uma das principais ferramentas no manejo de plantas daninhas. No Brasil, o mercado de herbicidas é robusto e diversificado, oferecendo opções para diferentes culturas e climas. 

Dentre os tipos mais utilizados estão os herbicidas pré e pós-emergentes, que desempenham papéis específicos na proteção das lavouras. Embora amplamente adotados, o uso desses produtos requer conhecimento técnico e planejamento

Entender como funcionam, suas aplicações específicas e o momento ideal para utilizá-los são etapas fundamentais para que o produtor rural possa extrair o máximo benefício das tecnologias.

O que são herbicidas pré-emergentes?

Herbicidas pré-emergentes são aqueles aplicados antes da emergência das plantas daninhas. Ou seja, esses produtos atuam no solo, criando uma barreira química que impede ou dificulta a germinação das sementes de plantas indesejadas. 

É importante destacar que o termo “emergente” refere-se à emergência das plantas daninhas e não à cultura cultivada, um ponto que muitas vezes gera confusão. Mas é importante destacar, que embora essa classificação esteja relacionada com as plantas daninhas, não significa que esses herbicidas não podem ser usados antes da emergência da cultura de interesse. Alguns produtos pré-emergentes são comumente indicados para esse momento, visando um manejo antecipado.

A ação dos herbicidas pré-emergentes depende de fatores como a composição do solo, a umidade e a correta aplicação. Quando bem utilizados, eles oferecem uma proteção inicial crucial para as culturas, reduzindo a competição logo nas primeiras fases de desenvolvimento das plantas. Isso é especialmente importante para culturas como soja, milho e algodão, que são sensíveis à competição inicial por recursos.

Entre os principais ativos usados em herbicidas pré-emergentes estão o fomesafen e o s-metolacloro, cada um com características específicas para diferentes situações de manejo. 

O que são herbicidas pós-emergentes?

Os herbicidas pós-emergentes, por sua vez, são aplicados após a emergência das plantas daninhas. Nesse caso, a ação é direta sobre as plantas já desenvolvidas, podendo ser seletiva ou não seletiva, dependendo do objetivo do manejo.

A ação seletiva dos herbicidas pós-emergentes ocorre quando o produto é formulado para atingir especificamente determinadas plantas daninhas, preservando a cultura principal, o que é ideal em sistemas agrícolas que requerem proteção específica. 

Já os herbicidas de ação não seletiva eliminam indiscriminadamente todas as plantas na área de aplicação, sejam elas daninhas ou não, sendo mais comumente utilizados na eliminação total da vegetação antes do plantio. A escolha entre ações seletivas ou não seletivas depende do objetivo do manejo e das condições específicas da lavoura.

Os herbicidas pós-emergentes atuam por contato ou de forma sistêmica. No primeiro caso, o produto mata a planta com a ação do produto no local que foi depositado, geralmente nas folhas. 

Já os herbicidas sistêmicos, são absorvidos e translocados pelos vasos condutores das plantas, permitindo um controle da planta completa, mesmo que o produto não tenha sido distribuído por todos os órgãos da planta. Produtos como glifosato e atrazina são amplamente utilizados nesse segmento.

Principais diferenças entre herbicidas pré e pós-emergentes

Embora ambos os tipos de herbicidas tenham o objetivo comum de controlar plantas daninhas, suas diferenças são marcantes. 

Os herbicidas pré-emergentes têm ação preventiva, criando uma barreira química no solo, enquanto os pós-emergentes têm uma ação um pouco mais corretiva, pois conseguem eliminar plantas já estabelecidas, desde que em fases iniciais de desenvolvimento.

Outra diferença significativa está no momento de aplicação. Os pré-emergentes devem ser aplicados logo após o preparo do solo ou plantio da cultura, enquanto os pós-emergentes são usados em estádios posteriores, conforme as plantas daninhas emergem. 

Essas diferenças também devem ser levadas em consideração no momento de decisão de uso de cada um dos produtos.

Como escolher o herbicida ideal?

Inicialmente, é importante destacar que a seletividade, a forma de ação e mais outras informações relevantes dos herbicidas são características distintas, que variam de produto para produto, e devem ser cuidadosamente analisadas para alcançar sua eficácia no manejo de plantas daninhas. 

Cada produto deve ser avaliado individualmente, levando em conta essas particularidades, para assegurar sua adequação ao tipo de cultura, ao estádio de desenvolvimento das plantas daninhas e às condições ambientais. Para isso, é fundamental seguir as orientações detalhadas na bula do herbicida, que contém informações cruciais sobre dosagens, modos de aplicação e precauções, visando uma aplicação eficiente e segura.

A escolha do herbicida ideal é uma decisão estratégica que exige atenção a diversos fatores técnicos, ambientais e econômicos. Um planejamento adequado proporciona a eficácia no controle das plantas daninhas, além da proteção da cultura e a sustentabilidade do manejo agrícola. 

Os principais aspectos que o produtor deve considerar estão listados a seguir.

  • Identificação das plantas daninhas predominantes

O ponto de partida para escolher o herbicida é identificar as espécies de plantas daninhas presentes na área. Diferentes espécies têm níveis variados de suscetibilidade aos herbicidas

Algumas plantas podem ser facilmente controladas com produtos de ação seletiva, enquanto outras, mais resistentes, podem exigir combinações de herbicidas ou doses específicas. A identificação precisa pode ser feita com o auxílio de um engenheiro agrônomo ou de guias técnicos regionais.

  • Estádio de desenvolvimento das plantas daninhas

O momento de aplicação é crucial para a eficiência do herbicida. Plantas daninhas em estádio inicial geralmente são mais suscetíveis aos herbicidas, permitindo maior eficiência de controle com a utilização de menores doses. 

Por outro lado, plantas em estádio mais avançado, com raízes profundas e maior área foliar, podem exigir herbicidas pós-emergentes de ação sistêmica, que atuam em toda a estrutura da planta e seu controle é dificultado.

  • Compatibilidade com a cultura cultivada

A escolha do herbicida deve permitir que ele seja compatível com a cultura principal, evitando danos ou perdas de produtividade. Produtos seletivos são projetados para agir apenas sobre as plantas daninhas, mas é necessário respeitar as doses e os intervalos de aplicação indicados para cada cultura.

  • Condições ambientais e climáticas

As condições do clima têm grande influência na eficácia dos herbicidas. A umidade do solo, a temperatura do ar e a velocidade dos ventos no momento da aplicação são determinantes para o desempenho dos produtos

Herbicidas de maneira geral, sejam pré ou pós-emergentes exigem condições climáticas estáveis para evitar perdas por deriva ou evaporação.

  • Histórico da área e resistência de plantas daninhas

O histórico de manejo da área deve ser levado em conta. A aplicação repetida de herbicidas com o mesmo mecanismo de ação pode levar à seleção de espécies de plantas daninhas resistentes. Por isso, é fundamental alternar produtos com diferentes modos de ação, promovendo um manejo sustentável e reduzindo o risco de resistência.

  • Disponibilidade e custo-benefício

O custo do herbicida é um fator relevante, mas deve ser analisado em conjunto com a eficiência e o impacto na produtividade. Produtos de procedência não confiável podem ter menor eficácia ou exigir reaplicações, elevando o custo total do manejo. Investir em herbicidas de maior qualidade, com suporte técnico adequado, muitas vezes é mais vantajoso a longo prazo.

  • Recomendações técnicas e assistência profissional

É essencial buscar orientação técnica de um agrônomo ou consultor especializado. Esses profissionais têm o conhecimento necessário para avaliar as condições da área, interpretar resultados de análise de solo e indicar as melhores opções de herbicidas, assegurando um manejo eficiente e seguro.

Escolher o herbicida mais adequado é extremamente relevante, e deve ser uma das práticas integradas a um manejo de plantas daninhas mais abrangente.

Herbicidas como parte do Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD)

O uso de herbicidas pré e pós-emergentes deve ser visto como uma ferramenta em um programa mais amplo do MIPD. Esse sistema combina diferentes estratégias para controle de plantas daninhas, promovendo maior sustentabilidade no campo.

Entre as práticas que podem ser combinadas ao uso de herbicidas estão o controle mecânico, como capinas, o uso de culturas de cobertura e a rotação de culturas. Além disso, a adoção de práticas de agricultura de precisão tem permitido aos produtores aplicarem herbicidas de forma mais eficiente, reduzindo custos e impactos ambientais.

A integração dessas práticas é essencial para lidar com o desafio da resistência de plantas daninhas aos herbicidas. O uso repetido de um único mecanismo de ação pode levar à seleção de populações resistentes, o que compromete a eficácia dos produtos e aumenta os custos de produção. Por isso, é tão importante rotacionar moléculas com diferentes mecanismos de ação.

Com o uso de pré e pós-emergentes de maneira integrada, é possível evitar os danos das plantas daninhas no campo de forma equilibrada e satisfatória.